Os jornais trazem um anúncio curioso desde a quinta-feira (19).
O texto principal da peça (acima) é o seguinte:
- O patrão ficou maluco. E vai levar um bando de loucos para o Japão.
O patrão é ex-presidente do Corinthians e atual diretor de seleções da CBF, Andrés Sanchez.
O bando de loucos, os 500 torcedores do clube que a agência de viagens Stella Barros pretende levar ao Japão no final de 2012 para o Mundial de Clubes, a ser disputado pelo clube paulista após a recente conquista da Libertadores.
Os pacotes da Stella Barros terão preços entre R$ 12.889,25 (com acomodação em quarto para três pessoas) e R$ 20.016,50 (em quarto individual).
Além de garoto-propaganda, Sanchez deverá ir ao Mundial em um dos aviões contratados pela empresa, fazendo aquela presença com a rapaziada da Fiel no estilo galã em baile de debutante.
Não haveria nada de curioso não fosse a Stella Barros uma das principais rivais de mercado da CVC, que se associou ao Corinthians em abril deste ano.
Desde o início do acordo, a CVC levou corintianos para jogos da Libertadores fora do Brasil, montou uma unidade exclusiva para torcedores do time, da Vai Timão, e afirma ter vendido até agora mais de 1,2 mil pacotes para o Mundial do Japão.
Mas de maluco, como sugere o anúncio, o "patrão" Sanchez parece não ter nada: A Stella Barros é controlada pelo Grupo Águia, do empresário Wagner Abrahão, amigo do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Nas últimas quatro copas do mundo, o Águia administrou as viagens da seleção brasileira e vendeu pacotes para torcedores. Em 2011, recebeu o direito de exclusividade na venda de pacotes VIP para o Mundial de 2014.
A Stella Barros não confirma se o ex-presidente do Corinthians recebeu cachê.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a CVC declarou ao portal UOL não ver problema no uso da imagem de Sanchez pela concorrente.
Publicamente, o presidente do Corinthians, Mário Gobbi, cria de Sanchez, afirma não haver problema ou conflito ético na parceria pelo fato de o diretor de seleções não ser mais dirigente do clube.
Mas, nas internas, cartolas, conselheiros e sócios influentes do clube questionam a conveniência de o cartola se transformar em garoto-propaganda de uma agência de viagem com o cargo que ocupa na CBF.
Enfim, para além de qualquer discussão comercial ou ética, o episódio mostra que, no mínimo, as coisas não estão exatamente afinadas e leves entre Sanchez, Gobbi e os cartolas do Timão.
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